Riscos na Inspeção de Alimentos, Desafios e Estratégias de controle
Por GETIPOA
A inspeção de alimentos de origem animal é um processo de suma importância para garantir
a segurança alimentar e a saúde pública. Durante essa atividade, são avaliados três principais
tipos de perigos: biológicos, químicos e físicos, que podem comprometer a qualidade e a
segurança dos produtos consumidos pela população (Franco & Landgraf, 2008).
Os perigos biológicos são aqueles causados por microrganismos patogênicos, como
bactérias, vírus, fungos e parasitas. Entre os principais agentes de preocupação na inspeção de
alimentos estão Salmonella spp., Listeria monocytogenes, Escherichia coli patogênica
e Clostridium botulinum, que podem ser transmitidos por carnes, leite, ovos e pescados
contaminados. A presença desses microrganismos pode ocorrer devido a falhas no manejo
higiênico-sanitário, contaminação cruzada e inadequação no armazenamento e transporte
(Jay, 2005).
Os perigos químicos incluem resíduos de pesticidas, medicamentos veterinários, metais
pesados e toxinas naturais presentes nos alimentos de origem animal. A presença de
antibióticos em carnes e leite, por exemplo, pode resultar no desenvolvimento de resistência
bacteriana e reações alérgicas em consumidores. Além disso, substâncias como micotoxinas
em rações podem ser transferidas para os alimentos e representar um risco à saúde pública. A
regulamentação e o controle desses compostos são realizados por órgãos fiscalizadores, como
o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que estabelece limites
máximos de resíduos permitidos (Brasil, 2020).
Já os perigos físicos referem-se à presença de materiais estranhos nos alimentos, como
fragmentos de ossos, metais, plásticos e vidro, que podem causar lesões nos consumidores.
Esses perigos geralmente resultam de falhas no processamento industrial, armazenamento
inadequado ou descuidos durante o abate e a manipulação dos produtos. A adoção de
sistemas de controle de qualidade, como a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
(APPCC), é essencial para minimizar esses riscos (Mortimore & Wallace, 2013).
A identificação e o controle desses perigos são fundamentais para garantir alimentos seguros
e de alta qualidade. A aplicação de boas práticas de fabricação (BPF), programas de
autocontrole e auditorias regulares são estratégias indispensáveis para a redução de
contaminações e para a conformidade com a legislação sanitária vigente. Dessa forma, a
inspeção de alimentos desempenha um papel essencial na proteção da saúde pública e no
fortalecimento da segurança alimentar global (FAO/WHO, 2021).
Referências
• BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de Inspeção
Higiênico-Sanitária e Tecnológica em Estabelecimentos de Produtos de Origem
Animal. Brasília, 2020.
• FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. 1. ed. São
Paulo: Atheneu, 2008.
• JAY, J. M. Modern Food Microbiology. 7th ed. New York: Springer, 2005.
• MORTIMORE, S.; WALLACE, C. HACCP: A Practical Approach. 3rd ed. New
York: Springer, 2013.
• FAO/WHO. Food Safety Risk Analysis: A Guide for National Food Safety
Authorities. Rome, 2021.
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