Uso de Aditivos e Conservantes em Produtos de Origem Animal

Por GETIPOA

 

O uso de aditivos e conservantes em produtos de origem animal é um tema que desperta controvérsias e discussões em diversas áreas, como saúde pública, ciência dos aliment
os e legislação alimentar. Esses compostos são amplamente empregados na indústria alimentícia com o objetivo de aumentar a durabilidade, melhorar a aparência e, principalmente, prevenir o crescimento de microrganismos patógenos, garantindo a segurança do produto. Entre os conservantes mais utilizados estão o nitrito e o nitrato de sódio, que são comuns em produtos como salsichas, presuntos e outros embutidos. Embora eficazes na preservação, esses aditivos podem ter implicações na saúde humana, principalmente em termos de risco carcinogênico devido à formação de Nnitrosaminas. Portanto, é essencial avaliar os benefícios e os riscos do uso desses aditivos, levando em consideração a regulamentação e as alternativas naturais disponíveis para garantir a segurança alimentar sem comprometer a saúde pública (Bianco Junior, 2018; Girot et al., 2011).

 

O uso de aditivos como os nitratos e nitritos é fundamental na indústria de carnes processadas, pois esses compostos desempenham papéis cruciais na inibição de crescimento de patógenos como Clostridium botulinum, responsável pelo botulismo, além de conferir características sensoriais como cor e sabor. No entanto, sua utilização está longe de ser isenta de controvérsias, especialmente pelo potencial de formar N-nitrosaminas, compostos com forte evidência de carcinogenicidade. De acordo com estudos realizados por Bianco Junior (2018) e Girot et al. (2011), a ingestão excessiva de alimentos que contêm níveis elevados de nitrito está associada ao aumento do risco de câncer colorretal e gástrico, particularmente em indivíduos com hábitos alimentares que incluem carnes processadas de forma regular. A formação dessas substâncias ocorre quando os nitritos reagem com aminas presentes nas proteínas dos alimentos, principalmente sob condições de calor e acidez (Bianco Junior, 2018; Girot et al., 2011).

 

Além do impacto potencial na saúde humana, o uso de conservantes sintéticos levanta questões sobre a regulação e o controle dos níveis desses compostos nos produtos alimentícios. Molognoni (2020) discute a importância de um sistema de monitoramento rigoroso para evitar concentrações excessivas de conservantes em produtos cárneos. Embora a legislação atual estabeleça limites máximos para a quantidade de nitrito permitido em alimentos, a preocupação com a superexposição continua sendo um desafio, pois o consumo constante e em grandes quantidades desses produtos pode levar a sérios problemas de saúde. A falta de informações claras para os consumidores sobre a composição desses produtos também contribui para a preocupação pública (Molognoni, 2020).

No entanto, alternativas naturais vêm ganhando destaque como opções mais seguras e sustentáveis. Pesquisas recentes, como as de Gaino (2020), sugerem que extratos naturais, como o de própolis e erva-mate, podem substituir com sucesso conservantes sintéticos em produtos de origem animal. Essas substâncias naturais não apenas auxiliam na conservação microbiológica, mas também têm propriedades antioxidantes que ajudam a preservar a qualidade sensorial dos produtos. A utilização de extratos naturais pode, portanto, representar uma solução viável para minimizar os riscos à saúde associados ao uso de conservantes sintéticos, além de atender à crescente demanda dos consumidores por alimentos mais naturais e menos processados (Gaino, 2020; Leal, 2020).

Outro aspecto relevante no debate sobre o uso de aditivos e conservantes é a educação do consumidor e a conscientização sobre os potenciais riscos associados ao consumo excessivo de produtos cárneos processados. Segundo Molognoni (2020), a implementação de campanhas educativas, juntamente com a regulação mais rígida dos níveis de conservantes, poderia reduzir significativamente os riscos à saúde pública. A transparência na rotulagem dos alimentos, com informações claras sobre os aditivos presentes, também é fundamental para garantir que o consumidor faça escolhas informadas sobre os alimentos que consome (Molognoni, 2020; Girot et al., 2011).

 

O uso de aditivos e conservantes em produtos de origem animal é uma prática essencial para garantir a segurança alimentar e a durabilidade dos produtos. Contudo, os potenciais riscos à saúde, especialmente no que diz respeito à formação de compostos carcinogênicos, exigem uma avaliação cuidadosa do uso desses ingredientes. A regulação adequada, o monitoramento rigoroso e a educação do consumidor são fundamentais para mitigar os riscos associados ao uso de conservantes sintéticos. Além disso, as alternativas naturais, como os extratos de própolis e erva-mate, apresentam-se como soluções promissoras para reduzir os impactos negativos à saúde, permitindo que a indústria alimentícia continue a oferecer produtos seguros e de qualidade sem comprometer a saúde pública. A busca pelo equilíbrio entre segurança alimentar e preservação dos alimentos deve ser uma prioridade contínua para pesquisadores, legisladores e indústrias (Bianco Junior, 2018; Molognoni, 2020).

 

 

 

 

Referências:

      Bianco Junior, A. (2018). Nitrato e Nitrito de Sódio em Carnes em Natureza e em Produtos Cárneos Sem Suas Adições. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

      Girot, J. M., Masson, M. L., & Haracemiv, S. M. C. (2011). O Uso de Nitrato e

Nitrito em Produtos Cárneos e a Formação de N-Nitrosaminas. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, 25(4), 194-195.

      Gaino, V. O. (2020). Melhoria da Qualidade de Jerked Beef pela Substituição de Nitrito de Sódio por Extratos Naturais de Própolis e Erva Mate como Agente Antioxidante. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

      Leal, I. L. (2020). Desenvolvimento e Validação da Análise Simultânea de Nitrito e Nitrato de Sódio em Salsicha por Cromatografia de Íons. Revista Virtual de Química, 8(1), 32-40.

      Molognoni, L. (2020). Interações de Conservantes no Processamento de Carnes: Formação de Compostos Carcinogênicos, Métodos de Controle e Agentes Inibitórios. Universidade Federal de Santa Catarina.

 

 

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