Controle de qualidade na produção de ração animal
Por GETIPOA
A competitividade no mercado atual, fez com que grandes empresas buscassem diferenciais, sendo o quesito qualidade dos produtos gerados um tópico muito procurado. A qualidade na produção de alimentos destinados aos animais hoje não tem um olhar voltado somente para o consumidor, isso porque a qualidade do processo é requisito de âmbito legal como é o caso da BPF (Boas Práticas de Fabricação) exigida para todos os estabelecimentos produtores de ração. O BPF é um sistema adotado que garante os procedimentos de produção, visando o cumprimento do mínimo de condições higiênico sanitárias estabelecidas para a produção de ração.
Diante desse contexto as ações realizadas devem estar envolvidas em todo o processo a fim de demonstrar qualidade no produto final(PEREIRA et al 2010).
No Brasil, cada fábrica de ração adota um sistema que deve estar de acordo com o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária) para garantir o controle de qualidade. Dentre os principais sistemas que podem ser adotados estão o BPF (Boas Práticas de Fabricação), APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), POP (Procedimentos Operacionais Padrão), Rastreabilidade e Recall.
O sistema BPF se dá início no recebimento da matéria prima onde são realizadas análises, como a bromatológica, onde verificamos a composição química, valor alimentício e calórico, propriedades físicas, químicas, toxicológicas e sua ação no organismo. Na qual, visa averiguar a qualidade do alimento por todo o processo produtivo. Esse sistema deve ser feito por uma equipe destinada especificamente para sua implantação e monitoramento, necessitando da descrição dos procedimentos de fabricação, denominados POPs (Procedimentos Operacionais Padrões), que tem por objetivo a descrição minuciosa dos procedimentos operacionais de todos os setores da fábrica (PEREIRA et al 2010).
Além disso, o BPF prioriza a utilização correta de instalações e utensílios, as instalações localizadas em área correta livre de possíveis enchentes e umidade, com baixo riscos de contaminação. Os equipamentos para a produção de ração devem ser confeccionados com materiais atóxico e de fácil limpeza, obtendo-se o produto final de qualidade.
Cuidados X Funcionários
Os colaboradores precisam ser treinados e devem conhecer os princípios de higiene pessoal e aspectos higiênico-sanitários para processamento dos produtos. Além disso, estar usando uniforme adequado fornecido pela empresa, limpo, em bom estado de conservação e de uso exclusivo e interno para o serviço. Lembrando que, além do uniforme, o uso de Equipamento de Segurança Individual (EPI) é obrigatório onde necessário (ex.: máscara contra poeira, botina de segurança, protetor auricular) (ROHR.S et al 2021)
Cuidados x Produção
Realizar uma verificação dos produtos no recebimento, estão devidamente rotulados e com todas as informações obrigatórias, observar possíveis danos (embalagem molhada, rasgada, furada etc), conferir quantidades, data de validade e tipo de produto de acordo com o pedido, nota fiscal etc. Verificar também a condição dos veículos que entregam os produtos adquiridos quanto à infestação por pragas, odores estranhos etc. A fábrica não deve aceitar nenhuma matéria prima ou ingrediente que contenha parasitas, substâncias tóxicas ou estranhas e microorganismos, que não possam ser eliminados ou reduzidos a níveis aceitáveis para a produção de ração. (ROHR.S et al 2021)
Prevenção da contaminação cruzada
As etapas do processo de fabricação devem ser contínuas e planejadas. O manuseio de materiais, matérias-primas ou produtos, deve ser realizado de forma a garantir a inocuidade e integridade da ração. As embalagens provenientes de matérias-primas e ingredientes adquiridos devem ser devidamente descartadas após estarem vazias e não devem ser utilizadas para produtos intermediários (ROHR.S et al 2021)
Conclusão
Para RICHARDSON e LONGO (2008) a não conformidade com a implantação da BPF resulta em risco à saúde pública, devido a presença de microrganismo contaminantes, comprometendo a biossegurança das rações e o desempenho dos animais.
As rações podem afetar diretamente o desempenho, nutrição e bem-estar dos animais aos quais elas são direcionadas e consequentemente, colocam em riscos os alimentos originados desses animais que tem como consumidor final, os seres humanos. Por conseguinte, torna-se claro a importância de uma fiscalização rigorosa na seleção dos ingredientes primários das rações com análises físicas, químicas e biológicas dos mesmos, contribuindo para uma detecção precoce de contaminantes de não conformidades com o BPF.
Diante da configuração do mercado atual, as empresas se destacam através da qualidade de seus produtos. No controle de qualidade de rações, a preocupação transcende a satisfação do consumidor final e abrange demandas legais e normativas, estabelecendo e garantindo um produto de alta qualidade que atenda todas as necessidades nutricionais dos animais, promovendo a saúde e a segurança desses, e, prevenindo os consumidores finais de uma possível contaminação. Assim, o investimento num rigoroso controle de qualidade não é apenas uma vantagem competitiva, mas uma responsabilidade ética e legal, que deve ser abraçada por todas as empresas desse setor.
Referências:
PEREIRA , Aldo et al. Controle de qualidade na produção de rações. Pubvet, 2010. Disponível em: https://www.pubvet.com.br/uploads/752ed67144bb96790a971de7d79b1c8c.pdf. Acesso em: 24 mar. 2024.
IAMANAKA T. B et al. MICOTOXINAS EM ALIMENTOS, 2010. Disponível em: file:///C:/Users/USER/Downloads/admin,+128-501-1-CE.pdf . Acesso em: 25 mar. 2024.
ROHR.S et al. O que preciso fazer na fábrica para garantir a QUALIDADE DA RAÇÃO, 2021. Disponivel em: https://abcs.org.br/wp-content/uploads/2021/09/F%C3%A1brica-de-ra%C3%A7%C3%A3o-n6.pdf . Acesso em: 25 mar 2024.
RICHARDSON, K.E.; LONGO, F.A. 2008. A importância do controle microbiológico na cadeia de produção de rações para aves. 5° Simpósio sobre Manejo e Nutrição de Aves e Suínos. Anais... CBNA. Cascavel - PR; pp. 149-160. Disponível em https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/436985/1/documento56.pdf
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