Produção e inspeção de produtos alimentícios artesanais.
Por GETIPOA
Compreende-se como artesanal o processo utilizado na
elaboração, em pequena escala, de produtos comestíveis de origem animal com
características tradicionais ou regionais próprias. Diante de tal configuração,
o decreto 66.523, promulgado em 2022, desempenha um papel fundamental ao regulamentar
a manipulação e o benefício desses produtos, estabelecendo limites diários de
produção para sua caracterização como artesanais. Essa legislação não apenas
reconhece a importância cultural e
gastronômica desses produtos, mas também
busca assegurar a qualidade e segurança alimentar, promovendo assim um
equilíbrio entre tradição e regulamentação na indústria alimentícia (PARANHOS
et al 2022).
A produção de produtos alimentícios artesanais envolve uma
série de etapas que variam de acordo com o tipo de produto e sua formulação
específica. Diante disso, algumas etapas comuns incluem a formulação, o
processamento, a moldagem e modelagem, a secagem ou cura e a embalagem. Na
formulação, os ingredientes são selecionados e combinados de acordo com a
receita do produto, podendo envolver o uso de compostos sintéticos e aditivos
alimentares. Em seguida, os ingredientes são processados através de técnicas como
mistura, moagem e emulsificação para obter a textura e características
desejadas. Posteriormente, o produto pode ser moldado e modelado para obter a
forma desejada, seguido por uma etapa de secagem ou cura, se necessário, para
estabilizar sua estrutura. Por fim, os produtos são embalados em materiais
adequados para garantir sua integridade durante o armazenamento e transporte (SCHNEIDER
et al 2015)
A fim de certificar esses produtos e facilitar sua
comercialização, foi promulgado pelo MAPA em 2019, o Selo ARTE (Artesanal Rural
Tradicional), um selo de identificação que reconhece e valoriza os alimentos
produzidos de forma artesanal, respeitando as tradições locais e regionais.
Esse selo não apenas confere confiança aos consumidores quanto à origem e
qualidade dos produtos, mas também proporciona aos produtores artesanais acesso
a novos mercados e oportunidades de crescimento econômico, ao mesmo tempo em
que fortalece as cadeias produtivas locais. Destarte, o Selo ARTE desempenha um
papel fundamental na promoção e preservação dos alimentos artesanais,
contribuindo para a diversificação da oferta alimentar e para a valorização da
identidade cultural de cada região (Sanity,M et al 2019)
Diante de como se configura a produção de tais produtos, a
inspeção deles apresenta desafios únicos devido à diversidade de métodos de
produção, ingredientes e condições de fabricação. Ao contrário da produção em
larga escala, os produtores artesanais muitas vezes operam em pequenas
instalações com recursos limitados, muitas vezes utilizando-se ingredientes
frescos e sazonais, o que pode aumentar o risco de contaminação microbiológica
e deterioração e acaba dificultando a implementação de práticas de higiene e
controle de qualidade. A falta de padrões uniformes de produção e regulamentação
também contribuem para a variabilidade na qualidade e segurança dos produtos,
ressaltando importância de regulamentações como o decreto supracitado (TOZZI et
al 2017).
Em face com a complexidade da inspeção de produtos
artesanais, é de suma importância a adoção de abordagens flexíveis e adaptáveis
que levem em consideração as características específicas de cada produto e
processo de produção. Isso pode incluir educação e treinamento para os
produtores artesanais sobre boas práticas de higiene, manipulação segura de
alimentos e requisitos regulatórios. Além disso, realizar avaliações de risco
para identificar os pontos críticos de controle ao longo do processo de produção
e implementar medidas preventivas apropriadas é fundamental (LOCATEL et al
2012).
Conclusão
O presente texto, propõe uma
discussão sobre a produção de alimentos artesanais e a dificuldade enfrentada
na inspeção desses. Concluindo que a inspeção de produtos alimentícios
artesanais desempenha um papel vital na proteção da saúde pública, na promoção
da segurança alimentar e na preservação das tradições culinárias locais. O
papel do agente de qualidade é de suma importância na proteção da saúde pública
garantindo que esses produtos atendam todos os padrões de segurança alimentar,
visando prevenir surtos de doenças. Ademais, ao oferecer orientação e apoio ao
produtor, a inspeção desempenha um papel importante na preservação das práticas
tradicionais de produção e valorização da cultura alimentar local, ao mesmo
tempo em que oferecem aos consumidores produtos seguros e de alta qualidade.
Referencias
SISP Artesanal,
Selo Arte e equivalência SISBI-POA. Disponível em:
<https://www.agricultura.sp.gov.br/pt/b/sisp-artesanal-selo-arte-e-equivalencia-sisbi-poa>.
Acesso em: 8 abr. 2024.
TOZZI, V.
Legislação sanitária para produtos de origem animal dificulta comercialização
da agricultura familiar e ganha visibilidade no Rock in Rio. Contag,
Rio de Janeiro, 20 set. 2017
SCHNEIDER, S.;
FERRARI, D. Cadeias curtas, cooperação e produtos de qualidade na agricultura
familiar: o processo de relocalização da produção agroalimentar em Santa
Catarina. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 17,
n. 1, p. 56-71, 2015.
LOCATEL, C.
Tecnificação dos territórios rurais no Brasil: políticas públicas e
pobreza. Scripta Nova, Barcelona, v. 16, n. 418, p. 741-798, 2012.
SANITY, M. Selo Arte para produtos de Origem Animal
produzidos de forma artesanal. Disponível em:
<https://sanityconsultoria.com/selo-arte-para-produtos-de-origem-animal-produzidos-de-forma-artesanal/>.
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