Obtenção higiênica do leite em propriedade rural e qualidade de seu produto final

 Por GETIPOA 

 A ordenha é ação da retirada total do leite, que em termos gerais é uma secreção nutritiva produzida pelas glândulas mamárias de fêmeas mamíferas composta aproximadamente por 87% de água e 13% de elementos sólidos (lipídeos, carboidratos, proteínas, minerais e vitaminas). Essa ação pode ser manual ou mecânica, não havendo diferença na constituição do produto final, porém pode sofrer alterações químico-físicas quando há possibilidade de contaminação por microrganismos resultantes dos aspectos sanitários do local. Um leite com qualidade não existirá se não fossem tomados cuidados na obtenção do produto dentro da propriedade leiteira. Neste aspecto há três itens essenciais para a qualidade do leite que são o ordenhador, o ambiente em que os animais permanecem e a rotina de ordenha (ZAFALON. L. F et al. 2007).

 Segundo Behmer, é durante a ordenha que o leite manipulado inconscientemente pelo funcionário mal orientado, recebe as maiores contaminações. Para aqueles que forem trabalhar diretamente na sala de ordenha, deve ser aconselhado a atender á alguns requisitos como: mãos e roupas limpas; unhas e cabelos cortados; não fumar no ambiente etc. A propriedade deve evitar usar o mesmo funcionário da sala para manejar as vacas na hora da ordenha, ou seja, sua tarefa deve ser limitada à ordenha, evitando ser um ‘’transporte’’ de possíveis bactérias que podem estar no ambiente (EMBRAPA, 2002). O local onde será realizado a ordenha também é um fator fundamental, já que o mesmo está relacionado com microrganismos causadores de mastite classificadas como ambientais, como por exemplo a Escherichia coli. (ZEFALON. L. F et al. 2007).
 Devemos optar por um ambiente arejado e limpo, evitando o acúmulo de fezes e urina, necessitando de um outro funcionário para se responsabilizar em não deixar esses excrementos na sala. Em relação aos utensílios, a higienização antes e após a ordenha é indispensável, onde é necessário para retirar os resíduos de leite com solução detergente alcalino clorado por 10 minutos em alta temperatura, após isso drenar os aparelhos novamente com solução de detergente ácido. 

 Para a produção de um leite com boa qualidade, é indispensável um rebanho protegido e em boa saúde, caso ao contrário, somado com a falta de higiene do local pode contribuir tanto para o menor desempenho produtivo dos animais quanto para a redução de imunidade e predisposição a doenças, como por exemplo casos de mastite. Uma das etapas é o ‘’pré e pós dipping’’,  regras utilizadas na hora da obtenção do leite. A medida sanitária se inicia com o pré- dipping onde os tetos são imergidos em solução desinfetante, geralmente a base de cloro e deixando agir por 30 segundos. Lembrando que é necessário eliminar os 3 primeiros jatos de leite, fazendo o Teste de Caneca de Fundo Preto (mastite clínica) e secar cada teto com um papel toalha diferente. Após isso, no caso da ordenha mecânica, as teteiras são colocadas, aguardando a retirada total do leite.
 Finalizamos a ordenha com o pós-dipping, que se baseia na imersão dos tetos em solução de iodo 0,5%, para que o esfíncter mamário, a primeira barragem contra bactérias externas do teto da vaca, se feche e se mantenha limpo para evitar infecções bacterianas. 

Os cuidados com a qualidade do leite não param por aí, após a ordenha, o líquido é filtrado e deve ser resfriado e armazenado em tanques de refrigeração até ser transportado para uma indústria, por exemplo. A temperatura ideal deve ser igual ou inferior a 4ºC e 7ºC, em até 3h (três horas) após o término da ordenha. Se o resfriamento for feito muito tempo depois da ordenha, quase nada adiantará, pois a flora microbiana já estará desenvolvida, logo, o leite estará contaminado (MACHADO et al. 1999).

 Sendo assim, não há dúvida de que o setor leiteiro vem cada vez se empenhando mais para a produção de um leite com boa qualidade, já que seu produto final e derivados são fundamentais na casa dos brasileiros. Com a implantação de uma rotina organizada e estratégica de ordenha, os produtores tem maiores chances de prover uma ordenha mais completa em termos sanitários, além de poder investir mais em cuidados para ter um diferencial no mercado. 

 

Bibliografia: 

REHAGRO, 2023. Disponível em: https://rehagro.com.br/blog/boas-praticas-de-ordenha/?utm_term=&utm_campaign=%5BEduca%C3%A7%C3%A3o%5D%5BSearch%5D%5BDSA%5D&utm_source=adwords&utm_medium=ppc&hsa_acc=1937416878&hsa_cam=21172544371&hsa_grp=162414669322&hsa_ad=696020321932&hsa_src=g&hsa_tgt=dsa-2293130854206&hsa_kw=&hsa_mt=&hsa_net=adwords&hsa_ver=3&gad_source=1&gclid=EAIaIQobChMIgbDUz4_ZhQMVjV9IAB3rIQerEAMYASAAEgIwMvD_BwE. Acesso em: 23 de Abr de 2024.

SEBRAE, 2017. Disponível em: https://www.sebrae-sc.com.br/blog/higienizacao-como-maior-aliada-na-qualidade-do-leite. Acesso em: 23 de Abr de 2024.

ZAFALON. L. F et al; EMBRAPA, 2007. Obtenção higiênica do leite e qualidade do produto final. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/48130/obtencao-higienica-do-leite-e-a-qualidade-do-produto-final. Acesso em: 23 de Abr de 2024.

GONÇALVES. A. C et al; EMBRAPA, 2002. Obtenção e higienização do leite in natura. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/405722/1/OrientalDoc141.pdf. Acesso em: 23 de Abr de 2024.


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