Rotulagem de alimentos e o papel do médico veterinário.
Rotulagem de alimentos e o papel do médico
veterinário.
Por GETIPOA.
O presente texto tem como objetivo analisar a
rotulagem de alimentos no Brasil, buscando salientar a importância do
veterinário frente a um sistema de regulamentação em constante reinvenção.
Durante o quarto trimestre de 2022, entraram em vigor novas regras para
rotulagem de produtos alimentícios. Além de mudanças na tabela de informação e
nas alegações nutricionais, a adoção da rotulagem nutricional frontal
reestruturou amplamente as práticas de inspeção relacionadas. Assim que a
supracitada mudança fora anunciada, empresas inseridas na indústria alimentícia
receberam um prazo de doze meses para se adequar as novas normas para os
alimentos em geral, sendo lícito pontuar que o dobro de tempo fora concedido
para os alimentos fabricados por agricultor familiar ou empreendedor familiar
rural, empreendimento econômico solidário, microempreendedor individual,
agroindústria de pequeno porte e por fim agroindústria artesanal. (ANVISA,
2019)
A divulgação da norma citada acima se deve a
uma gama ampla de fatores, sendo lícito apontar que a regulamentação
anteriormente adotada contava com uma série de problemas. O fato de que a
rotulagem representa o canal de comunicação mais direto entre o consumidor e o
fabricante de produtos alimentícios denota a gravidade de tal panorama,
caracterizado por um repasse de informações incorretas que gerava um grau de
confusão em relação à informação nutricional complementar, configuração que resulta
em muitos problemas. O acesso à informação correta sobre o conteúdo dos
alimentos, por ser um elemento que impacta a adoção de práticas alimentares e
estilos de vida saudáveis, configura-se, em seu conjunto, uma questão de
segurança alimentar e nutricional. Uma falha de rotulagem é também uma falha de
segurança. (BARROS, D. DE M, 2023)
Diante de tal configuração, torna-se clara a
necessidade de um processo constante de aperfeiçoamento das ações de controle
sanitário na área de alimentos com o intuito de promover a proteção à saúde da
população. A RDC n° 429, publicada durante o início da pandemia, dialogava de
maneira direta com essa concepção. Essa resolução buscava estabelecer uma nova
norma sobre rotulagem nutricional de alimentos, com o intuito de melhorar a
clareza e a legibilidade das informações nutricionais dispostas nos rótulos das
embalagens de alimentos. (BARROS, D. DE M, 2023)
A principal
alteração dessa legislação é o estabelecimento dos painéis no rótulo frontal
dos produtos embalados, que são símbolos informativos instituídos para
esclarecer o consumidor, de forma simples, sobre o alto teor de nutrientes como
o açúcar, a gordura saturada e o sódio (ANVISA, 2019).
Segundo um levantamento feito pela ANVISA
(2019), antes da supracitada resolução entrar em vigor, os principais impactos
na indústria, com a obrigatoriedade da nova rotulagem, seriam a possível
redução na aquisição de produtos que têm teores elevados de açúcares
adicionados, gorduras saturadas e sódio, bem como custos de análise
laboratorial em caso de alterações na formulação do produto, como análises
físico-químicas, microbiológicas e sensorial para avaliar a aceitabilidade do
produto. Destarte, ainda se faz necessário um aprofundamento e levantamento de
informações em relação aos impactos e as possíveis mudanças que estão sendo
adotadas e a efetiva aplicação das normas anteriormente citadas. Por
conseguinte, sendo atribuído ao médico veterinário a função de perito e
inspetor da higiene sanitária de empresas e abatedouros, é lícito afirmar que o
mesmo conta com um papel crucial na manutenção de normas e resoluções que
prezam tanto pelos direitos quanto pelo bem-estar do consumidor. (ANVISA,
2019).
A lei 5.517 dispõe sobre o exercício da
profissão do médico veterinário, articulando-se ao redor do fato de que é de
responsabilidade deste profissional a inspeção de alimentos e fiscalização do
ponto de vista sanitário, higiênico e tecnológico nos estabelecimentos
frigoríficos, matadouros, usinas e fábricas de alimentos. Sendo assim, a
importância do veterinário para a esfera de rotulagem é alicerçada na natureza
de sua atuação. O médico veterinário é de suma importância para a confecção da
rotulagem e na parte de inspeção dos produtos comestíveis e não comestíveis de
origem animal. O mesmo desempenha a importante função de fiscalização
aduaneira, através do controle do recebimento, armazenamento e temperatura dos
produtos alimentares, inspeção de rótulos, embalagens e validade, vigilância da
organização nos setores de alimentos perecíveis e higiene pessoal dos
manipuladores. O veterinário é, para tanto, o intermédio entre uma empresa
eficaz e um consumidor satisfeito (PEREIRA, M. C. S., 2017)
Conclusão
A análise da rotulagem de alimentos no Brasil
revela não apenas uma necessidade contínua de aprimoramento das normas e
regulamentações, mas também destaca a importância do papel desempenhado pelos
médicos veterinários nesse processo. A implementação de novas regras, como a
introdução da rotulagem nutricional frontal, reflete a preocupação em fornecer
aos consumidores informações claras e acessíveis sobre os produtos alimentícios
que consomem. Essas medidas visam não apenas promover escolhas alimentares mais
saudáveis, mas também garantir a segurança e o bem-estar dos consumidores.
Referencias
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. Relatório de Análise de
Impacto Regulatório sobre Rotulagem
Nutricional. 2019. Disponível
em: Relatório de Análise de Impacto Regulatório
sobre Rotulagem
Nutricional.pdf — Português (Brasil) (www.gov.br).
BARROS, D. DE M., Atualizações sobre a
rotulagem nutricional dos alimentos. Brazilian Journal of
Development, v. 9, n. 1, p. 4483-4493, 2023.
PEREIRA, M. C. S., DE
JESUS, M. C. P., VASSIMON, H. S., TAVARES, M. D.
F. L. A perspectiva de representantes de
políticas públicas federais sobre os rótulos
de alimentos. Demetra: alimentação, nutrição e
saúde, [s. l.], p.1147-1163, 2017.
BARROS, L. DA S., RÊGO, M. DA C., MONTEL, D. DA
C., SANTOS, G. DE F.
F. DE S., & PAIVA, T. V. . Rotulagem
nutricional de alimentos: utilização e
compreensão entre estudantes. Brazilian Journal
of Development, v. 6, n. 11, p.
90688-90699, 2020.
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