Inspeção post mortem bovina

Por GETIPOA.

A inspeção post mortem bovina é uma etapa crítica no processo de controle de qualidade e segurança alimentar no abate de animais para consumo humano. De acordo com Oliveira (2010), já foram registrados por volta de 250 tipos diferentes de doenças alimentares, relacionados a graves problemas de saúde pública e significativas perdas econômicas. Com isso, a inspeção post mortem compreende uma sequência de procedimentos voltados à análise das condições de saúde do animal após o abate, possibilitando a identificação de anomalias patológicas que podem ter passado despercebidas durante a inspeção ante mortem. O objetivo principal desse processo é assegurar que a carne esteja apta para o consumo, garantindo a sanidade daquele alimento.

Em primeiro lugar, a inspeção post mortem é crucial para a saúde pública. A avaliação rigorosa das carcaças e órgãos dos animais abatidos permite a identificação de doenças zoonóticas, que podem ser transmitidas dos animais para os humanos. Doenças como a tuberculose bovina e a brucelose representam riscos significativos para a saúde pública. A detecção precoce dessas enfermidades durante a inspeção pode prevenir surtos e proteger a população (BRASIL - MAPA, 2011). Essa etapa é fundamental para assegurar a qualidade do produto, garantindo que o consumidor receba um alimento isento de qualquer contaminação que possa comprometer sua integridade física. Isso é feito por meio da identificação de características macroscópicas e sinais típicos das principais doenças, como a febre aftosa, que se manifesta por aftas na língua e lesões nas patas; a brucelose, onde podem ser observados linfonodos inchados com secreções purulentas; e a bursite, que é detectada durante o corte dos ligamentos cervicais, entre outros sinais que não devem ser ignorados pelos Auxiliares de Inspeção, Fiscais e Médicos Veterinários na indústria (LIMA et al, 2016).

De acordo com a legislação, a inspeção post mortem consiste no exame de todos os órgãos e tecidos, abrangendo a observação e apreciação de seus caracteres externos, sua palpação e abertura dos linfonodos correspondentes, além de cortes no parênquima dos órgãos, quando necessário (BRASIL - RIISPOA, 1952). A inspeção da cabeça, língua, vísceras, carcaças e linfonodos é realizada por auxiliares devidamente treinados e qualificados para essa função, sempre sob a supervisão direta de um médico veterinário responsável. Quando são detectadas anomalias em qualquer parte do processo de inspeção, as carcaças, cabeças e vísceras correspondentes são separadas para que o médico veterinário possa conduzir uma avaliação mais detalhada e determinar a destinação apropriada para essas carcaças e vísceras (CFIA, 2013; DAFF, 2013; EFSA, 2013; FSIS, 2007).

Sua realização é rotineira e obrigatória nos abatedouros registrados, portanto, deve ser realizada em todos animais que foram abatidos, tendo como objetivo principal, evitar a comercialização de carnes com alguma anormalidade. Sendo assim, os profissionais que estiverem nessa linha, precisam ser bem orientados e estar atentos aos detalhes. Além de que, pelo Brasil ser um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, seguir as normas estabelecidas é essencial para promover a sanidade da população.

 

 

Referências:

BRASIL. RIISPOA – Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produto de Origem Animal. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasília, 1952.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 60, de 23 de dezembro de 2011. Define procedimentos para a inspeção e controle de produtos de origem animal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2011.

CFIA. Canadian Food Inspection Agency. Ante and Post-mortem Procedures, Dispositions Monitoring and Controls – meat species, ostriches, rheas and emus, 2013.

DAFF. Departament of Agriculture, Fisheries and Forestry – Australian Governament. Australian Export Meat Inspection System Information Package, 2013.

EFSA. European Food Safety Authority. Overview oncurrent practices of meat inspection in the EU, 2013.

FSIS. Food Safety and Inspection Service – United States Department of Agriculture. FSIS Directive, 2007.

LIMA, Bergson Pereira de. Inspeção de Carne Bovina. 2016. 75f. TCC (Graduação) - Curso Medicina Veterinária, Universidade Federal do Tocantins, Araguaína, 2016.v

OLIVEIRA, A.B.A.; PAULA, C.M.D.; CAPALONGA, R.; CARDOSO, M. R. I.; TONDO, Ed.C. Doenças transmitidas por alimentos, principais agentes e etiológicos e aspectos gerais: uma revisão. Rev HCPA, v. 30, n. 3, p. 279–285, 2010.

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